Criacionismo bíblico
Qual a reação da Igreja no tempo de Darwin?


Quando Darwin retornou à Inglaterra de sua viagem ao redor do mundo, ele já tinha em mente sua teoria sobre a origem das espécies. Ainda assim, durante cerca de vinte anos, ele hesitou em publicá-la, talvez por estar consciente do impacto que certamente haveria de causar. Finalmente, em 1859, seu livro foi publicado sob o título On the Origin of Species by Natural Selection, e vendeu bem. Os resultados imediatos, porém, não foram nada espetaculares. Houve grande resistência por parte dos leitores e alguns eminentes homens de ciência consideraram tudo uma impossibilidade científica.

Do ponto de vista científico, o impasse residia no fato de que as afirmações de Darwin não passavam de meras conjecturas. Ele havia observado, por exemplo, que membros de uma mesma espécie, originários de localidades distintas, apresentavam características distintas, o que ilustrava a possibilidade de variações em cada espécie. Os pressupostos da evolução, entretanto, de que tais diferenças acumulavam-se através dos tempos, dando origem a novas espécies, por transcender os limites do observável, não reunia em si condições para ser considerada mais do que uma mera extrapolação que parecia violar os princípios da ciência.

Embora suas conclusões não desfrutassem de suporte científico, houve quem ficasse solidário a Darwin, menção especial seja feita a Thomas Henry Huxley, que participou ativamente da promoção das ideias evolucionistas. No início do ano de 1860, os círculos científicos estavam quase que integralmente contra Darwin, mas como sua teoria começava a provocar polémica, a 30 de junho do mesmo ano, a British Association for the Advancement of Science reuniu-se com o propósito de debater a teoria da evolução. Os mais representativos nomes do mundo científico se fizeram presentes e, entre eles, é óbvio, Huxley.

Samuel Wilberforce, Bispo de Oxford, comunicou que se faria presente àquela reunião com o fim específico de se opor à teoria da evolução. Homem de prestígio que era, conhecido em toda a Inglaterra pela força com que advogava o cristianismo, Samuel foi aguardado por todos com muita ansiedade. Este, porém, foi um dos maiores erros cometidos pela Igreja em sua batalha contra o evolucionismo: o de se fazer representar perante uma assembléia de cientistas por um homem que desconhecia os fatos científicos mais elementares.

Quando a reunião teve início, a maioria dos presentes era a favor do bispo. Esperavam que o representante da Igreja fosse bem sucedido em sua missão; que pudesse revelar a impropriedade e o absurdo das idéias de Darwin. Aguardavam o momento em que Samuel Wilberforce iria esmagar os argumentos evolucionistas, sob uma torrente de racionalidade e objetividade. Quanto mais o tempo passava, porém, mais e mais se evidenciava sua profunda ignorância em assuntos científicos. Seus argumentos eram ridículos e infantis. Era óbvio que ele não sabia do que estava falando.

Foram trinta longos minutos de brilhante retórica, vazios de conteúdo científico e repletos de ironia e sarcasmo. Ao final de seu discurso, Samuel olhou diretamente para Huxley e, sorrindo, perguntou-lhe se ele descendia de macacos por parte de avô ou de avó.

A seguir foi a vez de Huxley que, brilhante e eloquentemente, massacrou cada um dos argumentos apresentados pelo bispo. "Se a evolução a partir de um embrião é possível, por que não a evolução a partir de um animal inferior?" - perguntou Huxley à audiência, E concluiu: "Eu, de modo algum me envergonharia de ter tido um macaco por ancestral, mas ficaria profundamente envergonhado se soubesse descender de alguém que, não satisfeito com seu equívoco sucesso em sua própria esfera de atividade, se lança a questões científicas, com as quais não tem qualquer familiaridade, somente para obscurecê-las através de uma retórica sem propósito, e desviar a atenção das pessoas do ponto vital em questão, por meio de eloquentes digressões e hábeis apelos ao preconceito religioso".

Quando a reunião terminou, já não havia mais quase ninguém ao lado de Samuel Wilberforce. Darwin podia não estar certo quanto à sua pressuposição sobre a origem das espécies - era a opinião geral - mas se ele estava errado, a Igreja estava, certamente, mais errada ainda.

Este lamentável incidente nos mostra que não podemos pretender uma ação nessa área sem estarmos devidamente preparados. Enganam-se, porém, os que pensam que somente cientistas especializados podem ir fundo nessa questão. Para se penetrar no âmago dessa questão, é suficiente que estejamos dispostos a isso e nos empenhemos no estudo de suas partes.

Nada há de muito científico no trabalho que Darwin realizou a bordo do Beagle. Na verdade, ele teve que concentrar sua atenção na forma física exterior das plantas e animais que observou durante a viagem. Sabemos, entretanto, que muito do que caracteriza os organismos não se deixa transparecer pela aparência exterior, mas se esconde na intrincada estrutura interna do imenso complexo que é cada ser vivo. Assim, parece-nos que Darwin foi longe demais em suas conclusões sobre a origem das espécies.

O fato é que, tanto quanto ele, sua época carecia de embasamento científico adequado para essa conclusão. Fossem os cientistas daquela época mais perspicazes e teriam percebido que a comparação de Huxley, entre o desenvolvimento de um embrião e a suposta evolução não fazia o menor sentido. Nem mesmo evolucionistas consideram esse desenvolvimento como a evolução em ação. Aqueles homens, porém, como muitos hoje, não estavam preparados para ver o óbvio: que a teoria da evolução não passa de um mito que, do século XIX, invadiu também o nosso século.

Referências do autor
O Prof. Christiano P. da Silva Neto é professor universitário, pós-graduado em ciências pela University of London, estando hoje em tempo integral a serviço da ABPC - Associação Brasileira de Pesquisa da Criação, da qual é presidente e fundador. Autor de cinco livros sobre as origens, entre os quais destacam-se Datando a Terra - perspectiva criacionista e Origens - a verdade objetiva dos fatos, o Prof. Christiano tem estado proferindo palestras por todo o país, a convite de igrejas, escolas e universidades.
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